Cientistas
descobrem 2 novos 'satélites' naturais da Terra
Cientistas húngaros confirmaram a
existência de duas gigantescas nuvens de poeira circulando ao redor da Terra a
uma distância de cerca de 400 mil quilômetros – a descoberta foi apresentada na
revista MNRAS.
Segundo Judit Sliz Balogh, da
Universidade de Budapeste, na Hungria, "as nuvens de Kordylewski são os
dois objetos mais imperceptíveis na vizinhança imediata da Terra".
"Elas estão aproximadamente
na mesma distância que a Lua, e é por isso que os astrônomos nunca
as notam. Por isso, estamos muito satisfeitos por podermos confirmar a
existência destes dois pseudo-satélites do nosso planeta", disse.
Já no século XVIII, os cientistas
haviam estabelecido que pequenos corpos celestes podem se mover na mesma órbita
que um planeta se estiverem perto de pontos na frente ou atrás dele onde a
gravidade do Sol e do planeta está equilibrada.
Atualmente, são conhecidos seis
quasi-satélites da Terra: 2016 HO3, 2010 TK7, 2003 YN107, 2004 GU9, 2001 GO2 e
2002 AA29. À exceção do 2016 HO3, todos os demais giram em trajetórias
instáveis, inclusive alguns deles já saíram da órbita do nosso planeta alguns
anos ou décadas depois de serem descobertos.
O nome dado às nuvens é uma homenagem ao astrônomo
polonês Kazimierz Kordylewski, que, observando dois pontos de Tróia na órbita
da Terra em 1961, notou que em um deles havia um grande acúmulo de poeira que
eclipsava a luz do Sol e das estrelas.
Essa descoberta, como notou Sliz
Balogh, foi recebida com ceticismo pela comunidade científica, já que os
astrônomos não acreditavam que objetos com essa magnitude pudessem manter a
estabilidade nesses pontos. Posteriormente os cientistas verificaram
repetidamente os cálculos de Kordylewski, mas não puderam confirmar ou refutar
a descoberta.
Para encontrar vestígios da
existência dessas nuvens, os astrônomos húngaros começaram a observar não o
calor e a luz que suas partículas de poeira emitem, mas como as colisões
das partículas alteram a polarização dos raios solares passando pelos pontos de
Tróia.
Depois de vários meses de observações, Sliz Balogh
e seus colegas conseguiram encontrar vestígios de que a luz solar foi
linearmente polarizada em quase 20% na região L5, o ponto de Tróia localizado
diretamente atrás da Lua.
Analisando suas propriedades, os
cientistas chegaram à conclusão de que o objeto foi gerado não por uma, mas por
duas nuvens de poeira, cada uma delas é cerca de três vezes maior do que a Lua,
principal satélite da Terra. Ainda não está claro o quanto estáveis são essas
nuvens e há quanto tempo a Lua é "perseguida", girando com elas em
torno do nosso planeta.
Em conjunto com seus colegas
cientistas, Sliz Balogh planeja encontrar respostas para essas questões
observando as nuvens de Kordylewski com a ajuda de telescópios orbitais
mais poderosos, cujo funcionamento não será afetado pela poluição luminosa e
pela poeira na atmosfera.
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