Moreno diz ter negociado condições para entregar Assange
Publicado em 11/04/2019 - 12:11
Por Alex Rodrigues - Repórteres
da Agência Brasil Brasília
Em um
vídeo divulgado na manhã de hoje (11), o presidente do Equador, Lenín Moreno,
informa que negociou com autoridades da Grã-Bretanha as condições para entregar
à Justiça o fundador do site Wikileaks, o australiano Julian
Assange. A Polícia Metropolitana londrina confirmou ter detido Assange, de 47
anos, esta manhã, depois que a embaixada equatoriana permitiu sua entrada no
prédio, onde o fundador do Wikileaks estava abrigado desde
2012, a fim de evitar sua extradição para os Estados Unidos.
“Respeitando
aos direitos humanos e ao direito internacional, solicitei à Grã-Bretanha a
garantia de que Assange não seria entregue a um país onde possa sofrer torturas
ou pena de morte. O governo da Grã-Bretanha confirmou [aceitar a condição] por
escrito, em cumprimento a suas próprias normas”, disse Moreno.
Ameaças
O
presidente afirmou que membros do Wikileaks fizeram ameaças ao
governo equatoriano. Ao longo dos últimos anos, o site divulgou
documentos sigilosos vazados por integrantes de vários governos e empresas
multinacionais. “Há dois dias, o Wikileaks ameaçou ao governo
do Equador. Meu governo não tem nada que temer. Não atua sob ameaça. O Equador
se guia pelos princípios do direito, cumpre as normas internacionais e cuida
dos interesses do povo equatoriano”, assegurou Moreno.
O
presidente equatoriano também acusou Assange de infringir as condições
estabelecidas para que permanecesse protegido na embaixada em Londres. "Por
seis anos e dez meses, o povo equatoriano garantiu os direitos humanos e cobriu
suas necessidades cotidianas em nossa embaixada em Londres", disse Moreno.
Conduta
Ele
justificou sua decisão à "conduta desrespeitosa e agressiva" e às
"declarações descorteses e ameaçadoras" que Moreno entende que
Assange fez contra o Equador. "O Equador cumpriu com suas obrigações
dentro do marco do direito internacional. O senhor Assange violou
reiteradamente as disposições expressas em convenções internacionais sobre
asilo diplomático, particularmente a de não intervir em assuntos internos de
outros estados", acrescentou o presidente.
De acordo
com Moreno, "a paciência equatoriana chegou ao limite" e a manutenção
do asilo diplomático concedido a Assange tornou-se "insustentável e
inviável". "Nosso governo respeita os princípios do direito
internacional, incluindo a instituição do asilo político, mas concedê-lo ou
retirá-lo é uma faculdade da soberania nacional. Assim, o Equador,
soberanamente, dá por finalizado o asilo concedido ao senhor Assange em
2012."
Denúncia
Segundo
Moreno, Assange instalou equipamentos eletrônicos não permitidos no prédio da
embaixada, bloqueou as câmeras de segurança da embaixada, agrediu e maltratou
vigilantes da missão diplomática e acessou arquivos de segurança da embaixada,
sem permissão. No Twitter, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa criticou a
decisão de Moreno, afirmando que é uma “covardia”. Para Correa, que concedeu
abrigo a Assange, a atitude do presidente equatoriano não será esquecida pela
humanidade. “Um dos
atos mais atrozes fruto de servilismo, vileza e vingança. A história será
implacável com o culpado de algo tão atroz”, disse Correa. Segundo ele, a
decisão foi tomada porque o Wikileaks publicou denúncia de
corrupção envolvendo Moreno.
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Edição: Luiza Damé
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